sexta-feira, 25 de abril de 2014

Requiem [Semana 05]

Autora: Natalie Bear
O Fugitivo

- Por que estão parados? - a mocinha esbravejou, incrédula, confusa, arrasada, como se o céu ruísse sobre sua cabeça - Minha bolsa…! - apontava desesperadamente na direção que o menino que tinha lhe roubado tomara.

- Lhe ajudei no navio, mas não sou seu empregado. - Lawrence a encarou com aqueles olhos sempre cansados e distantes, como se vislumbrassem algo além dos olhares comuns.

- M-ma-mas…! Sem a bolsa estou…! - Rebeca desesperou-se, apoiando as mãos sobre a cabeça, desolada.

O sujeito bufou e fitou seu cão, que sentava-se ao lado dele e abanava a cauda peluda freneticamente.

- O que tem na bolsa? - inquiriu seca e diretamente.

- N-na bol…. - a moça respirou fundo, sentindo seus membros se estremecerem - Um… Objeto importante….

- Boa sorte recuperando. - lhe deu as costas, virando-se à movimentada rua do porto.

- Espere…! - Rebeca o segurou pelo casaco cinzento - É um… … Pertence ao meu pai. Ele me entregou… Preciso… N-nunca mais verei papai se…. Se eu não estiver mais com o objeto… - explicava relutante enquanto seus olhos enchiam-se de lágrimas.

O sujeito voltou-se a moça, que encolhera os ombros e baixara a cabeça, cobrindo o rosto com as mãos e soluçando.

- Que objeto?

- Um… Espelho…

- Tenha mais cuidado com a bagagem. - apontou para a mala da jovem e dirigiu-se pelo caminho que o moleque fizera, embora não parecesse ter muita pressa - Xerife, junto. - comandou ao animal que foi alegremente atrás do dono.

Os três começaram a perambular pelas ruelas confusas da região, enquanto Lawrence fazia perguntas em espanhol para os locais, que para Rebeca eram meio parecidos, sul-americanos de pele parda que raramente eram avistados em sua terra natal. Ela os analisava intrigada e até mesmo fascinada. Pouco a pouco deslumbrava-se com a cultura que percebia em cada canto da cidade, o que começava a aquietar seu coração, mesmo que ainda sofresse muito com a possibilidade de falhar em seu derradeiro objetivo. Á medida que avançavam, a mocinha ficava mais cansada de carregar sua mala aqui e acolá, atrás de pistas que Lawrence conseguia com as pessoas com quem conversava. Seus joelhos e ombros estavam desgastados e tornavam mais complexa a tarefa de arrastar a pesada bagagem.

- Precisamos subir por aqui. - apontou para a subida à sua frente, ajeitou a sacola, que era sua bagagem, nas costas e seguiu caminho, acompanhado animadamente por Xerife.

- Já vou! - esbaforia-se, arrastando sua mala ladeira acima, ficando para trás.

Lawrence demorou dez minutos até chegar ao topo da subida, um local abarrotado de pequenos casebres disformes de madeira. Lá avistou um grupo de crianças que gritavam e brincavam. Dentre elas conseguiu ver o menino que procurava, ainda segurando a bolsa daquela senhorita.

- Lá está o moleque. - o sujeito voltou-se para a descida, para reportar à moça, no entanto Rebeca não estava lá e nem em lugar nenhum nas proximidades. A bolsa fora encontrada, entretanto sua dona sumira.


Ir para o próximo capítulo de "Requiem"

Nenhum comentário:

Postar um comentário