sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Neocene II – nanoships [Semana 25]

Autor: Moonlance
Capítulo 08: A Simetria Escalar

A equipe de Marinas Espaciais irrompe no interior da carcaça envelopada pelos campos energéticos programados no hangar de Nova. Os visitantes acessaram o primeiro hall e corredores deteriorados da espaço-nave fóssil. As leituras eletromagnéticas mapeavam em diferentes escalas a real estrutura do grande corpo metálico. No entanto, observou-se 2 anomalias localizadas, as quais não puderam ser reconstituídas ciberneticamente por Miho, tampouco por Sasha na Neocene II. Isso intrigava os especialistas, motivando a quarentena desses setores, especialmente o maior deles, na região central da nave. Contudo, isso não impedia a análise Trobotz e o isolamento progressivo das áreas normais pela equipe de exploração: uma vez compartimentado, cada setor era escaneado e projetado no registro museológico de Miho; e matéria e energia fósseis – complexificadas pela entropia da ação do tempo – eram processadas em dados virtuais bem como transformadas em renovada tecnologia in situ, compatível com os usos da Confederação Intra-Galáctica. A absorção da nave-fóssil, tinha iciado...!

O processo integral demoraria horas, mas já era possível, do hanger de Nova, observar a perda de massa sofrida pela nave-fóssil; muito de seu interior acabaca por ser exposto pela absorção cibernética. Em dado momento, a equipe de Marinas Espaciais atingia a sala de controle; embora não tenha sido possível extrair muitas informações sobre o destino da paleo-tripulação, captou-se a breve emissão de um pulso elétrico em direção a um dos setores anômalos – o menor deles, o qual ainda não tinha sido aproximado.

– O que foi isso? – indagou Jessika Nova.

– Um sinal de corrente elétrica. – Respondeu Cosmos, que estava ao lado – A probabilidade de que nem tudo é inoperante numa nave-fóssil é astronômica, mesmo na escala temporal de sua degradação no espaço.

Logo descobriu-se que o setor anômalo era uma sala totalmente arruinada, recoberta de escombros. Jessika subitamente começou a sentir tontura, e Kirsken foi a primeira a apurar. Não obtendo sucesso, Polly que estava na Neocene II lançou-se à cidade-asteroide para buscar sua antiga colega.

– Vai entrar sozinha? – Perguntou Lucy, que a aguardava no hangar.

– Como...? V-você não vem junto......? – Atrapalhou-se Polly; e logo percebeu, pelo silêncio astucioso da estruturalista, que ela estava sendo testada...!

Para alcançar as garotas e resgatar Jessika, Polly deveria percorrer solitária uma grande distância, atravessando uma gama de corredores lúgubres porém já isolados, embora ainda não iniciados para absorção. Acabaria contudo passando adjacente ao grande hall central – igualmente isolado, e adicionalmente posto em quarentena –, mas em cuja proximidade ocorria a maior anomalia de forças. A equipe de Marinas Especiais não iria ao encontro de Polly, pois já monitoravam uma área de risco; não obstante, enviaram-lhe o Trobotz Nr'aop.

– Não se preocupe, você vai ficar bem. Mas por favor venha posteriormente à Neocene II para eu examiná-la melhor! Ok? – Solicitou Kirsken a Jessika, ajudando-a a recompôr-se. De repente, surge da porta uma garota esguia e esbaforida, de pele branca como um fantasma, banlançando longa cauda de cavalo às costa, e seguida por Nr'aop, que se esforçava para acompanhá-la. As colegas, especialmente a risonha Capitã Tess-Stella, acabaram achando bastante graça da situação! especialmente depois que o grande felino Patak se aproximou docilmente de Polly, ainda aflita, e a abraçou lambendo-lhe a face.

A missão para as Marinas Espaciais estava praticamente concluída, mas quando estavam prestes a rumar para os setores remanescentes, Tess-Stella começou a chutar e a remover a ampla carga de escombros de materiais do chão. A criatura Patak, talvez compreendendo instintivamente, veio imediatamente lhe prestar auxílio, quando Kirsken indagou:

– Tess...? Você achou alguma coisa aí...?

– Eu quero ver o que tem aqui em baixo! – respondeu a Capitã.

– CÂMBIO!! Tonta! - Esbravejou de repente sua irmã Sasha, a partir da Neocene II – Deixe isso para a Absorção!! Não vá se contaminar ou liberar mais radiação! Seu Campo Pxy já está a 25%! CÂMBIO!

– NÃO!!! - Retrucou Tess-Stella determinanda – Não é pra absorver qualquer coisa!!

Em poucos instantes, o Trobotz Nr'aop registrou novas informações a partir dos escombros: tinha sido descoberta uma câmara de hibernação soterrada de uma tecnologia primitiva – isto é, para os padrões dos Pxychomotakkae cziplakton. Havia um ser humanoide de feições semelhantes, de aspecto estável em seu interior...! A intriga e a euforia tornaram-se generalizadas em todas as equipes. O Trobotz escavou e retirou cuidadosamente o contêiner, que foi levado até o hangar. A missão de exploração e absorção foi somente concluída cerca de cinco horas depois, e descobriu-se que as anomalias da nave-fóssil tinham sido provocadas pela presença de um antigo gerador adensado e neutralizado.

No laboratório da Neocene II, Kirsken analisava o corpo resgatado, assistida por Cosmos e Lucy. Quando Polly e as outras entraram em cena perguntando sobre novas revelações – já sabiam que o ser estava vivo – a biologista disse:

– Trata-se de uma Pxychomotakkae czitopos. nosso ancestral teórico mais próximo! A este espécimen, além de ocorrer-lhe alguns genes diferentes dos nossos como esperado, sua carga genética apresenta uma macro-estrutura auxiliar periférica, que desconhecemos totalmente!

–  Uhm...? Seria uma simetria escalar? Hipotetiza Lucy.

– Sim! – disse Kirsken sem tentar esconder o entusiasmo – Acho que há pelo menos 2 padrões fractais; acredito que a macro-estrutura pode ter se perdido ao longo de nossa evolução taxonômica...! Desconheço os propósitos... Quem sabe Miho pudesse...

– Com sua permissão: – disse Cosmos, com sua voz calma e tímida – sabendo-se que essa relativa, macro-estrutura genética anexa, ainda não decodificada, há de ser a responsável pelas propriedades extraordinárias do Campo Pxy de nossos ancestrais, assim, fica claro por que Jessika, com seu raro campo, sofreu um choque de intersecção naquela situação anterior.

Silenciaram por uns instantes. De repente, havia um universo aind amaior por descobrir, e estavam ansiosas para acompanhar o futuro despertar daquele ser, tido como extinto a dezenas de milhares de anos! Possivelmente, o único e último espécimen Pxychomotakkae czitopos...! Então, Sasha oferece-lhes um brinde de grafteína, Polly comenta alguns dos novos planos que pensou para a Neocene II, Tess-Stella derruba o Patak no chão como brincadeira, e Miho convida a todos para fruirem junto a sua esfera cibernética no Planetarium, as 357 hipóteses de reconstrução do mundo perdido daquela misteriosa civilização perdida.

FIM

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