sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Contos do Amante da Morte [Semana 23]

Autora: Mari-Youko-Sama

“A partir daqui as memórias se tornam nubladas e os relatos se tornam imprecisos, não sei dizer se na época foi escrito o que verdadeiramente aconteceu, o que Marcos supostamente entendeu ter acontecido, ou se simplesmente criei essa fantasia para me satisfazer, mas a forma como as próximas linhas serão compreendidas nunca dependeu de mim…”.

Capítulo 19: Desesperado e Confinado.

O jovem Blackwood caminhava seguindo o rastro de sangue, a tocha improvisada causava uma chama fraca que não iluminava muito bem. Em passos cuidadosos e lentos, tentava reconhecer o entorno, mas em meio às sombras deformadas de arbustos e árvores que dançavam ao vento noturno, tudo aparentava ser ameaçador e estranho.

Quando finalmente avistou uma pequena construção, no batente de uma das janelas, uma lamparina emanava uma luz amarela opaca diferente do tipo de luminescência de uma tocha. Marcos pode ouvir um ruído estridente como se algo pesado fosse arrastado e logo o ruído se repetiu em outro cômodo, parecia que uma silhueta humana tinha passado de um lado ao outro:

– Será uma briga? – sussurrou para si mesmo, não demorou e apagou sua própria tocha para não denunciar sua posição.

Seus pés passavam levemente pela terra úmida do outono e prosseguia quase como se fizesse parte das sombras, estas que suavemente acompanhavam a lamparina estranha que balançava hipnotizando os vultos noturnos. Ao encostar o corpo junto à parede da residência, o jovem Blackwood, pode fitar algo que se movia dentro da lamparina, como se estivesse preso:

– Será uma mariposa? Mas… está brilhando… – então a casa se aquietou, o vento sessou e tudo ficou incrivelmente silencioso, exceto pelo bater de asas desesperado da borboleta dourada dentro da lamparina.

Marcos ficou deslumbrado e ao mesmo tempo aterrorizado, o que estava acontecendo afinal? Por que tinha encontrado Lirou e Apony? Será que era realmente ela? Por que os rastros de sangue o levaram para aquela residência estranha no meio do nada. Marcos se sentia tão desesperado para fugir quanto aquela bela criatura confinada na lamparina.

Então um grito rompeu o silêncio, um gemido de dor. O moreno se levantou em solavanco, e ao observar pela janela viu a imagem do seu irmão em meio a sangue, ervas e garrafas quebradas, junto ao corpo estava uma silhueta feminina usando um manto cinza prateado com capuz que lhe cobria o rosto:

– Como é bisbilhoteiro, jovem Blackwood – uma voz melodiosa com a mesma intensidade em que era penetrante. – isso é um mal de família, afinal.

Marcos saltou para dentro do cômodo e se aproximou do corpo do irmão, o pegando pelos ombros e sacudindo com força:

– MATHEUS! ACORDE MATHEUS! – o desespero era nítido em sua fala.

– Ele não está morto Marcos… não ainda, pelo menos.

– Por que você fez isso, Apony?  – virou-se para encará-la – Foi você que matou Lirou também!?

Os olhos da mulher cintilavam como peças de ouro, mas seus cabelos eram de um loiro quase branco e caíam sobre os ombros.

– Eu!? – o sorriso desenhado no rosto – que doce desilusão a sua… – sibilou uma risada venenosa.


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