sexta-feira, 13 de junho de 2014

Contos do Amante da Morte [Semana 12]

Autora: Mari-Youko-Sama
Capítulo 11: Hino de Guerra.

O sol se punha em um céu vermelho, a sombra dos estandartes encobriu o posto e misturou-se às sombras da noite. A sensação de batalha iminente era algo que todos podiam perceber, dos menos hábeis aos mais experientes, todos tinham uma expressão escura guiada ao horizonte, onde pontos luminosos de fogueiras eram acesos.

Marcos não tinha muitos bens além de uma espada recebida do posto, um escudo de madeira e um machado. Era notória qual a função do jovem Blackwood: ficar ao final da fila de homens e ser mais um corpo na pilha de cadáveres. Novamente Marcos cerrava os dentes e contorcia o rosto em uma careta de desgosto, em seu âmago se agarrava à promessa que tinha feito:

– Não posso morrer! – comentou mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa.

– Ninguém quer morrer... – respondeu outro jovem de quatorze anos, com cabelos loiros arrepiados – você sabe o que dizem sobre Eadgar?

– Ouvi muitas coisas. – afirmou – Mas não sei onde termina o mito e começa a verdade... – o moreno concluiu, sem muita confiança.

– Esse é o problema, como saber? – o menor encarou Marcos com a expressão aterrorizada.

– Não sei responder – Marcos desviou o rosto e voltou seu olhar para o horizonte, o sol já tinha se posto e o inimigo ainda não tinha atacado. – O que eles estão esperando?

– O medo tomar conta de todos deste posto – a voz rouca de Solomon cortou o ambiente como uma navalha. – Eles são estrategistas, os melhores do continente Rubro, e sabem que as pessoas desse posto são em sua maioria camponeses que não têm espírito de combate… então esperam provavelmente nossa rendição sem combate.

– Nos render não é uma opção! – Marcos amargou a situação, sabia que a maioria seria decapitada e o resto posto como escravo.

– Verdade… – Solomon lançou um olhar analítico para o moreno – mas, se eles querem evitar combate, significa que não têm tantos homens, devem ter perdido uma boa leva no caminho até aqui. No entanto, nos também não podemos esperar, senão ficaremos sem alimento, o ataque acontecerá hoje.

Como um prenúncio do combate, logo se ouvia o som conhecido ecoando pelo vale, a comitiva de Eadgar começava a se alinhar novamente com seus cavalos e os homens batiam em seus escudos. Em resposta, Solomon fez sinal e todos os homens com escudos do posto repetiram o gesto, começando a bater e urrar.

A fila se movia em trote lento e alinhado, em seguida ergueram os escudos em uma parede, logo uma chuva de flechas partiu em direção a linha inimiga, mas isso não diminuiu e nem aumentou o ritmo da comitiva. Em resposta, uma chuva de flechas cortou o ar e acertou a barreira do posto. Então Marcos sentiu aquele aroma inconfundível, um calafrio percorreu-lhe a espinha, mas era muito tarde para qualquer aviso.

“O meu coração costumava acompanhar estes sons, do choque de corpos e gritos, fúria e desespero, ira e terror, vida e morte… o hino da guerra!”


Ir para o próximo capítulo de "Contos do Amante da Morte"

Nenhum comentário:

Postar um comentário