sexta-feira, 20 de junho de 2014

Filho das Profundezas [Semana 13]

Autor: Marco Fischer
Parte XIII - Constelação

-Ainda não se perguntaram por que as estrelas do céu estariam nos olhos de alguém que surgiu de um lugar tão profundo e escuro? – perguntou Violka enquanto observava satisfeita o esboço que Pesha havia desenhado do rosto do Maleko.

Stevo e Pesha se entreolharam confusos. Chuva de Outono apenas moveu suas orelhas de leve, observando a capitã com uma expressão de curiosidade. O silêncio permaneceu por alguns instantes até que o contramestre coçou a cabeça sem graça e murmurou em sua voz grave e melodiosa.

-Isso foi poético, Capitã. Mas ainda não entendo o que tem a ver com nossa...

-Não estou sendo poética. – interrompeu Violka com um sorriso, estendendo o papel sobre a mesa e dando um olhar de cumplicidade para a elfa, que subitamente se alarmou como se tivesse sido pega sonhando acordada.

-Você não pode estar dizendo que... – falou rapidamente a navegadora, espantada com o pensamento que havia concluído ao mesmo tempo em que parecia estar tentando se desculpar.

-Sim, é isso que estou dizendo! Dê uma olhada mais de perto!

A elfa tocou o papel e lentamente passou o indicador pelos pontos brancos que representavam as estranhas marcas luminosas nos olhos do Maleko. Seus próprios olhos se arregalaram e ela rapidamente pegou na bolsa de cânhamo que trazia consigo um antigo pergaminho druídico em pele de bezerro e um compasso náutico prateado, moldado de forma graciosa como a cabeça de uma garça oriental.

-Os olhos dele... Isso não apenas se parece com estrelas... Eles copiam perfeitamente um pedaço das constelações do céu!

-Com licença, Senhorita Outono. – falou Pesha incrédulo – Mas se isso é mesmo uma representação específica da posição das estrelas no céu a partir de um determinado ponto, seria correto dizer que...

-Sim! É um mapa! – a elfa abriu um largo sorriso, olhando para Violka como uma criança que acabara de resolver um quebra-cabeça complicado.

-Exatamente! – afirmou a capitã com orgulho – Agora podemos finalmente parar com esse diálogo enrolado e dramático!

Os outros na cabine se permitiram um sorriso, mas ainda restavam dúvidas. Pesha foi o primeiro a não conseguir contê-las.

-Isso foi afortunado! Então temos um mapa bastante incomum em nossas mãos. Mas para onde você acredita que ele irá nos levar, capitã?

Violka assentiu para Chuva de Outono e a elfa rapidamente entendeu o recado, estendendo uma carta náutica das águas onde estavam sobre a mesa já bastante ocupada. A navegadora comparou então o desenho com o mapa estelar dos druidas no pergaminho de papel velino, que por sua vez lhe ajudou a encontrar uma área distante no meio do oceano ao oeste, uma região isolada e quase inexplorada.

-Se eu estiver correta, a rota apontada pelas estrelas nos olhos do Maleko nos levará diretamente para a cidade perdida de Ula-Yhloa! – anunciou a capitã com um brilho no olhar.

-Ula-Yhloa? – indagou Pesha com espanto. – Apenas o Lendário Capitão Roberts já afirmou ter estado lá!
-E nós não vamos deixar que ele seja o único a ter esse privilégio, hã? – concluiu Violka com audácia.


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