sexta-feira, 30 de maio de 2014

“SentiMente” [Semana 10]

Autora: Silvia Verlene

Inquietude...
Em meio à declaração dos Implantários de que o mundo agora os pertence, só temo por nosso futuro. Uma caçada aos Humanos foi declarada e me questiono se este é mesmo o fim da Era Humana ou apenas mais um passo em sua história. Segundo o comunicado oficial dos Implantários, não haverá quem consiga escapar dos novos substitutos da humanidade, os Ciborgans. Onde, afinal, chegamos a permitir esse caos de nossa própria extinção? Tudo bem que muito do que criamos era mais para a destruição do que algo realmente criativo, mas chegar ao ponto de vivermos tudo o que assistíamos ou mesmo líamos em obras de ficção já é um grande pesadelo!

Corro para chegar o quanto antes em casa e unir-me à minha esposa para partirmos, nem sei ainda para aonde. Contudo, escondermos-nos agora é a única e mais racional opção; devemos pensar em nossa sobrevivência antes de começarmos a pensar em alguma solução pra essa loucura...

Espero que Lisa já esteja arrumando tudo. Com esse corte das comunicações é impossível sequer enviar uma mensagem de voz automática. E eu que nunca pensei em retrocedermos para um momento temporal em que nem ao menos tínhamos ideia do que era um telefone... Malditos Governantes!

Nas ruas um verdadeiro pandemônio: pessoas correndo de e para todos os lados, gritos desesperados e, pasmo, até pessoas se matando! Será que tudo isso foi apenas um reles golpe para se dizimar uma quantidade relativa de pessoas? E quando eu menos espero, eis que vejo algo incomum: um homem atacando uma criança, tendo sua jaqueta rasgada ao enganchá-la no ferro de um carro recém quebrado, tendo seu braço de metal à mostra: um Ciborgan! Sim, não há como NÃO saber quem são! É uma visão real bem mais assustadora do que minha vã imaginação possa sequer assimilar!

Em poucos segundos de pavor, caio na real e num súbito impulso, sigo correndo em direção ao garoto atacado na tentativa de ajudá-lo. Não entendo de onde me veio tal "coragem", mas alguma coisa naquele ato me instigou um instinto feroz de proteção e só penso que tenha sido pelo filho que Lisa e eu perdemos meses atrás. É como se eu o imaginasse sendo pego por um desses novos pseudo-humanos de metal frio e mortal.

Ao me aproximar, no entanto, nem mesmo tenho tempo de tocá-lo, pois sou impedido por punhos brilhosos que acertam meu peito, jogando-me contra o carro quebrado. Após o impacto, sinto-me sendo suspenso e vejo os mesmos punhos responsáveis por esta segunda ação. Ao levantar o olhar, encaro um rosto familiar, dono daquelas mãos de aço, acompanhados da voz tão conhecida de meu parceiro de empresa: "Sabia que você viria até nós, Karl".

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