sexta-feira, 30 de maio de 2014

Wild Hunt [Semana 10]

Autor: Marlon Kalango
Capítulo 10: Suspeita.

Não pensei que poderia me sentir tão em casa fora do Bosque, como me senti em Hoelbrak. Seus cenários gélidos, a enormes fogueiras, escuturas gigantescas de gelo que não derretia há seculos. Era tudo tão novo, tão diferente, e ao mesmo tempo parecia-me tão familiar. Especialmente a casa de Arawn. Ao chegarmos a lareira estava acesa, e um calor aconchegante nos recebeu. Havia um servo lá, pouco maior do que o vi pela primeira vez quando acordei no hospital.

-Ah, estou de volta, Morten! - Arawn disse, e a criatura de jogou em seus braços, balançando a diminuta calda, como um cãozinho. - Este pequenino aqui foi meu primeiro servo, Ether. Não o destruo como os outros, e ele cuida da minha casa enquanto estou fora. Pequeno, mas não subestime o que ele pode fazer.

-Entendo -Disse, despindo-me do espesso casaco de couro que me protegeu do frio durante a viajem. Em verdade, estava começando a fica um pouco encomodado com 'roupa por cima da roupa'. - Então, aqui é seu lar.

-Sim. Ficaremos por algum tempo, pra relaxar e recobrar as forças antes de seguir adentro nas montanhas.

Ele respirou fundo, e com um gesto simples tocou o rosto. Creio ter ouvido algo sussurrado brevemente. Arawn tirou também seu casaco, e agora eu podia ver que a pintura e marcas em seu rosto haviam sumido. O esbranquiçado fúnebre em seus olhos deu lugar à um vivido e profundo violeta, com leves tons castanhos. Ele percebeu minha surpresa.

-Você não pensou que aquele era meu tom natural de olhos, não é? -Ele riu

-Bem...é dificil dizer.

-Haha. Não, aquela era a marca do espectro. Todo necromante tem uma marca com um dos espíritos da morte com quem tem mais afinidade. A minha é a do espectro.

Fiz um gesto de afirmação. Arawn parecia tão diferente assim,mais gentil, quase tímido. Algo que me atraía a sua personalidade já calma. A tarde foi indo embora dando lugar à noite, e saímos pela enorme cidade. Jantamos especiarías típicas do lugar, e era uma mais saborosa que a outra. Contemplamos as estrelas, sob arvores no grande lago congelado dos Norn.

-Arawn, o que você busca em sua jornada? -perguntei enfim, tanto por curiosidade como em busca de pistas da minha própria jornada ligada a ele.

Oh, meu amigo. - O Norn suspirou, e eu vi em verdade, o pesar em seus olhos. - Meu irmão, Blader. Há pouco mais de um ano, ele saiu em missão investigando os Icebrood, servos do dragao de gelo, Jormag. Foi a ultima vez que o ví. Todos desistiram de procurá-lo após cinco meses. Eu não.

Senti-me culpado, e ao mesmo tempo, senti compaixão. Perder alguém importante deve ser uma dor além do que conheço, só podia imaginar. E então, lembrei-me do meu sonho. A neve, como gritava por Arawn na tempestade, e como o frio congelava até minha alma. Arregalei os olhos subitamente, numa suspeita....Aquele não era eu no sonho.


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