sexta-feira, 16 de maio de 2014

Neocene II – nanoships [Semana 08]

Autor: Moonlance
Capítulo 06: Artifícios

Vicki Kirsken, a biologista, se dirigiu sozinha até o Planetário. Estava escuro e apenas a luz distante das estrelas através das grandes vidraças permitia observar uma forma humanoide que se debruçava sobre uma grande silhueta estática...

– Tess...? É você? – perguntou ela, naquele vasto salão.

– Hein...? Hein.....? – surpreendeu-se a figura (era Tess-Stella!), e depois disse: – Ahhh! É “só” você, Ahah! – disse ela com um longo sorriso estampado no rosto, mas também um certo alívio. – Sabe, eu não sei se eu mostro minha criação pra todo mundo!... Olha! Olha!! – insistia empolgada, fazendo um gesto que acendia uma foco de luz quente sobre a misteriosa construção.

Kirsken primeiro sobressaltou num leve arrepio, mas em seguida ficou bastante admirada! – Uau! Que enorme! e que bonito também! – lançou ela, e levou um pouco de tempo para ela começar a rodear contemplativamente o 'monstro' robótico de aspecto bio-mecânico que sua amiga tinha produzido com tanto ardor, do rascunho à obra final.

– Gostooou...??? – perguntou-lhe Tess-Stella um pouco inqueta, perdendo um pouco seu sorriso por um breve instante.

Mas, antes mesmo que Kirsken pudesse responder, alguém surge na sala dizendo, com uma voz baixinha porém relativamente clara, e delicada, mesmo com um timbre quase de contra-alto:

– Fascinante. – Era a voz da Comandante, a quantificista Rebecca Cosmos. Ela vinha a passos lentos, com as mãos atrás das costas, seu longuíssimo cabelo vermelho e liso se esparramando pelo chão atrás de si; seu olhar era profundo como as estrelas, mas era como o de alguém que vivia dentro de um universo paralelo, as pálpebras sempre lhe caindo naturalmente a mais da metade do caminho (óculos lhe cairíam bem, em termos de harmonia).

– Cosmos! – manifestou Kirsken ao tomar conhecimento da mais nova presença.

– Eu gostei. Muito. – ainda declarou calmamente Rebecca Cosmos, sobre a obra de Tess-Stella, a qual obviamente ficou orgulhosa e encabulada, rodopiando por aí sem saber o que dizer e rindo-se sozinha.

Kirsken ficou contente, mas achou curiosa a reação positiva da Comandante, pois cogitara primeiramente que, por ser biologista, ela teria a priori muito maior afinidade do que as demais colegas para fruir a obra integralmente, isto é, incluindo o fenótipo alienígena desconsertante dos designs biológicos exteriorizados pelo gênio da artista-engenheira. Mas Kirsken entendeu que tinha se enganado: além dela mesma, e da própria Tess-Stella é claro, havia aparentemente mais alguém ali com gosto especial para as formas mais bizarras inspiradas na natureza! Não era tão raro, mas Kirsken ficou se perguntando se Cosmos não iria dizer, antes de algum novo elogio, algo como: “Apesar de um pouco assustadora, a criatura bio-mecânica é...”. Mas na verdade, isso é o que ela mesma (Kirsken) desejava dizer, mas evidentemente que seria desprezível lançar tal observação psicológica para a autora, sua tão estimada amiga, já frustrada pela restrição de ir a Nova, a cidade-asteroide. “Por que a Polly teve que ser tão chata com ela...?” interrogou-se finalmente.

A nano-nave Neocene II derivava, relativamente silenciosa e ainda menos povoada, em torno de seu objetivo crescente.


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